O vento da arte-educação partia do Rio de Janeiro e soprava cada vez mais fortes: dessa vez, rumo ao interior de São Paulo.
Em Ribeirão Preto, a fundação da Escola de Artes Plásticas, em 1957, forneceu as condições ideais para a erupção de diversos projetos de vanguarda.
Dentre tantas, destacava-se a proposta concebida por ex-alunas que, na década de 70, acreditavam que a arte era protagonista, e não apenas coadjuvante, do processo de educar.
Assim como o desenvolvimento da criança, a estruturação da escola passou por um processo de maturação: no início, limitava-se à oferta de cursos livres de desenho, música e pintura; em 1977, transformou-se, finalmente, em escola de ensino regular. Essa evolução está intimamente relacionada à apropriação contínua dos preceitos da arte-educação por fundadoras e corpo docente e um desejo de fazer mais.
Para materializar a arte-educação em um projeto de ensino regular consistente, essas mulheres subiram em ombros de gigantes. Aos achados de Rodrigues, Read e tantos, somaram-se outros nomes de peso. Um deles é Viktor Lowenfeld, que concebeu as fases do desenvolvimento infantil a partir do desenho, dinamizando a teoria da arte-educação.
Os achados de Lowenfeld justificaram conceitualmente a classificação dos segmentos da Educação Infantil a partir das fases do desenho da criança: da garatuja ao realismo, nomes que até hoje acompanham as salas das crianças
Outro referencial teórico da Escolinha de Arte do Museu foi o trabalho da educadora argentina Emília Ferreira, que viria elucidar os processos pelos quais passa o pensamento da criança para a aquisição da base alfabética. A lógica é que a criança aprende construindo suas hipóteses acerca do mundo.
A partir daí, foi possível avançar para a criação de um trabalho de Linguagem Escrita tendo a arte como eixo central de integração das outras áreas do conhecimento.
A alfabetização, por essa perspectiva, se torna um processo orgânico e quase experimental do aluno, e não uma simples uma memorização.
As contribuições do psicólogo norte-americano Guilford sobre pensamento convergente (pensamento focado, usado na resolução de problemas) e divergente (aberto às possibilidades, ligado à criatividade) também orientaram o fazer pedagógico da escola.
Essa visão contemporânea de ensino-aprendizagem, que coloca a relação entre pensamento convergente e divergente enquanto fundamental e destaca a criatividade, corroboraaa noção de que arte-educadores são, de fato possibilitadores de mudanças concretas.
A partir da costura desses diversos saberes emerge a prática de arte-educação da Escola Arte do Museu: uma filosofia de bases sólidas e profundas, mas aprimorada pela emergência de novas correntes e hipóteses que a Pedagogia, enquanto ciência, oferece. À medida que a Escola cresce e se desenvolve, esse repertório aumenta, como a adoção da metodologia do Design Thinking – abordagem criativa para organizar ideias e solucionar problemas concretos – nas aulas do Laboratório de Inovação, no Fundamental 2.
A Escola Arte do Museu acredita no potencial criativo do ser humano; por isso tem seu alicerce na arte-educação.