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o que é

Arte-Educação

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A Escolinha de Arte do Brasil (EAB) é criada em 1948, no Rio de Janeiro, por iniciativa do artista pernambucano Augusto Rodrigues (1913 – 1993), da artista gaúcha Lúcia Alencastro Valentim (1921) e da escultora norte-americana Margareth Spencer (1914). 

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A Escolinha, que coloca o foco nas distintas expressões artísticas (dança, pintura, teatro, desenho, poesia etc.), funciona nas dependências da Biblioteca Castro Alves, do Instituto de Previdência e Assistência Social dos Servidores de Estado – Ipase, voltada fundamentalmente para o público infantil.

O filósofo e teórico da arte Herbert Read (1893 – 1968) fornece as principais inspirações para a experiência, sistematizadas em sua obra Education through Art (1943). As idéias de Read – ancoradas no princípio de que a educação é o fundamento da arte – são também conhecidas do público brasileiro da época em função da exposição de arte infantil por ele organizada no Museu Nacional de Belas Artes – MNBA, Rio de Janeiro, em 1941.

O espírito não diretivo e aberto da Escolinha de Arte do Brasil pode ser aferido na tentativa de ampliação do repertório artístico pela inclusão de elementos da arte popular e do folclore (por exemplo, teatro de fantoches e bonecos), na intensificação do diálogo entre as diferentes modalidades artísticas, ou na adoção de um método pouco convencional de ensino. Diz Lúcia Valentim:

“Nossa grande mestra foi sem dúvida a criança. Havíamos decidido nos guiar por ela: observar o que ela fazia; oferecer situações novas e verificar como reagia; analisar o que recusava; documentar como progredia”.

 

 

A Escolinha recebe forte apoio de educadores atuantes, como Anísio Teixeira (1900 – 1971) e Helena Antipoff (1892 – 1974).



Esta é especialmente ligada a Augusto Rodrigues, em função do trabalho conjunto na Sociedade Pestalozzi, por ela criada em 1948, e na qual Augusto é professor.

Vale lembrar que as relações entre arte e educação especial mobilizam a Escolinha de Arte do Brasil desde o início, favorecidas por convênios com a Pestalozzi e com a Apae, por intermédio de Antipoff e de Nise da Silveira (1905 – 1999).



Experiências educacionais como essas ainda hoje enfrentam forte resistência por parte de muitos profissionais, apesar dos insubstituíveis serviços prestados às famílias de crianças deficientes. Outro traço importante do perfil e da atuação da Escolinha diz respeito às tentativas que empreende para difundir concepções mais modernas na área da educação artística com criação de veículos próprios como o jornal Arte & Educação, editado a partir de 1970.



A produção de materiais específicos para o ensino de arte é outra inovação da Escolinha de Arte do Brasil, que sistematiza, pela primeira vez, técnicas pouco conhecidas e, até hoje, utilizadas pelas escolas: lápis de cera e anilina; lápis de cera e varsol; desenho de olhos fechados; impressão e pintura de dedo, mosaico de papel; recorte e colagem coletiva sobre papel preto; carimbo de batata; bordado criador, desenho raspado e de giz molhado, entre outras.

Arte-Educação em Ribeirão Preto

O vento da arte-educação partia do Rio de Janeiro e soprava cada vez mais fortes: dessa vez, rumo ao interior de São Paulo.

Em Ribeirão Preto, a fundação da Escola de Artes Plásticas, em 1957, forneceu as condições ideais para a erupção de diversos projetos de vanguarda.

Dentre tantas, destacava-se a proposta concebida por ex-alunas que, na década de 70, acreditavam que a arte era protagonista, e não apenas coadjuvante, do processo de educar.


Assim como o desenvolvimento da criança, a estruturação da escola passou por um processo de maturação: no início, limitava-se à oferta de cursos livres de desenho, música e pintura; em 1977, transformou-se, finalmente, em escola de ensino regular. Essa evolução está intimamente relacionada à apropriação contínua dos preceitos da arte-educação por fundadoras e corpo docente e um desejo de fazer mais.


Para materializar a arte-educação em um projeto de ensino regular consistente, essas mulheres subiram em ombros de gigantes. Aos achados de Rodrigues, Read e tantos, somaram-se outros nomes de peso. Um deles é Viktor Lowenfeld, que concebeu as fases do desenvolvimento infantil a partir do desenho, dinamizando a teoria da arte-educação.


Os achados de Lowenfeld justificaram conceitualmente a classificação dos segmentos da Educação Infantil a partir das fases do desenho da criança: da garatuja ao realismo, nomes que até hoje acompanham as salas das crianças

Outro referencial teórico da Escolinha de Arte do Museu foi o trabalho da educadora argentina Emília Ferreira, que viria elucidar os processos pelos quais passa o pensamento da criança para a aquisição da base alfabética. A lógica é que a criança aprende construindo suas hipóteses acerca do mundo.


A partir daí, foi possível avançar para a criação de um trabalho de Linguagem Escrita tendo a arte como eixo central de integração das outras áreas do conhecimento.


A alfabetização, por essa perspectiva, se torna um processo orgânico e quase experimental do aluno, e não uma simples uma memorização.

As contribuições do psicólogo norte-americano Guilford sobre pensamento convergente (pensamento focado, usado na resolução de problemas) e divergente (aberto às possibilidades, ligado à criatividade) também orientaram o fazer pedagógico da escola.

Essa visão contemporânea de ensino-aprendizagem, que coloca a relação entre pensamento convergente e divergente enquanto fundamental e destaca a criatividade, corroboraaa noção de que arte-educadores são, de fato possibilitadores de mudanças concretas.


A partir da costura desses diversos saberes emerge a prática de arte-educação da Escola Arte do Museu: uma filosofia de bases sólidas e profundas, mas aprimorada pela emergência de novas correntes e hipóteses que a Pedagogia, enquanto ciência, oferece. À medida que a Escola cresce e se desenvolve, esse repertório aumenta, como a adoção da metodologia do Design Thinking – abordagem criativa para organizar ideias e solucionar problemas concretos – nas aulas do Laboratório de Inovação, no Fundamental 2.



A Escola Arte do Museu acredita no potencial criativo do ser humano; por isso tem seu alicerce na arte-educação.

A arte é a 
essência
da educação.

UNESCO

Defende o poder da arte-educação em todo o mundo.

Segundo a UNESCO:

 

Mais do que nunca, a educação artística está sendo reconhecida como uma parte fundamental de uma educação abrangente. A arte-educação melhora os resultados de aprendizagem e ajuda os alunos a desenvolver novas habilidades.

Em tempos de crise, a arte-educação é particularmente valiosa, inspirando a criatividade, fornecendo apoio psicológico e construindo conexões entre pessoas e comunidades.

 

Essa consciência da arte pode ser adquirida desde cedo e mantida ao longo da vida.

Aprender sobre artes contribui para a construção de sociedades prósperas e pacíficas que a UNESCO incentiva seus Estados Membros a apoiar a arte-educação, na escola e fora dela.

A arte-educação é a chave para formar gerações capazes de reinventar o mundo que herdaram.

A arte-educação apoia a vitalidade das identidades culturais ao enfatizar seus vínculos com outras culturas, contribuindo assim para a construção de um patrimônio compartilhado. Ajuda a formar cidadãos tolerantes/resiliente/adaptáveis e dinâmicos para o nosso mundo globalizado.

 

Numa época em que os desafios relacionados com o clima, a paz, a educação e o futuro das nossas sociedades estão a convergir, a necessidade do poder da arte – e de a tornar acessível a todos através da arte-educação – é mais forte do que nunca.

Audrey Azoulay
Diretora Geral